quarta-feira, 13 de abril de 2011

Neve em Marília!



Em outras opurtunidades, comentei que minha primeira república se chamava Varanda. Um sobrado que ficava em cima do açougue, conhecida principalmente por suas festas, sem hora e nem dia para acabar.

No final da primavera de 1995, organizamos uma festa que ficou marcada em nossas vidas. Era aniversário de alguns Kapetas, e espalhamos a notícia por toda FAMEMA!

Apareceram na festa os mesmos malucos de sempre. Mesmo assim, achamos que as 25 caixas de cerveja seriam insuficientes.

Geralmente, nossas festas só terminavam quando acabava a cerveja, mas naquela vez, acho que exageramos!

Depois de 3 dias, ainda tinha gente bebendo! Mas o Vô... quando acabou a última garrafa, lembro-me que atravessou a rua até a Beduína, e comprou mais 6 cervejas, e assim ficou por quase uma semana. Não me lembro de vê-lo comer, só me lembro dele bebendo e aspirando um descongestionante nasal!

Mas foi no primeiro dia de festa que o inesperado aconteceu!

O Japa levara um puff de couro, de uns 2 m de diâmetro, recheado com milhões de bolinhas de isopor, que o deixava ainda mais macio e convidativo a uma siesta bem relaxante.

Depois de algumas cervejas, alguns Kapetas resolveram treinar salto em altura, utilizando o puff para amortecer a queda.

Umas cervejas mais tarde, o Bozó inventou um campeonato de colocar o pé mais alto na parede. Por ter ele quase 2 m de altura, já começou com enorme vantagem... então alguém resolveu usar o puff em seu favor, encostando-o próximo a parede, e após um forte impulso e bater o pé na parede, caía de costas no puff.

O campeonato durou pouco. Depois de alguns saltos, o puff arrebentou, enchendo a casa com minúnsculas bolinhas de isopor.

Não lembro ao certo quem teve a idéia, acho que foram Sorocaba, Clóvis, Naniko e Dudi. Encheram baldes com aquelas bolinhas, e jogaram na galera que estava na parte de baixo da casa.

Lembro-me daquelas bolinhas caindo, refletindo as luzes dos postes de iluminação da rua...uma brisa fresca anunciando o fim da primavera, dava um toque de inverno londrino na nossa festa... Foi surreal! E assim fizemos nevar em Marília...

E quanto mais o vento soprava, mais as bolinhas caiam na caixa d`água e entravam no porão do açougue.

Na manhã seguinte acordamos com xingamentos e socos na porta de casa. Era o pessoal do açougue... não sei se indignados com a bagunça que fizemos, ou com inveja da nossa vida boêmia!

Por menos que tivesse dormido, e por mais que estivesse de ressaca, eu não gostava de faltar à aula. Mesmo que fosse para ficar de óculos escuro dormindo no fundo da sala! Então, Feijão e eu, fizemos a verdadeira missão impossível para sair de casa, sem encontrar com a gente do açougue.

Naquele dia não almoçamos em casa e voltamos só de noite, quando as coisas já estavam mais calmas.

Fui ver as marcas do campeonato na parede, e a minha surpresa foi ver a marca de um pé no teto. Pelo tamanho e o formato, parecia um pé femenino. Pensei: "como aquilo seria possível? Se ao menos fosse um sapato, não seria difícil imaginar que pudesse ter sido retirado, e arremeçado contra o teto. Mas um pé!"

A marca daquele pé ficou ali por muito tempo, para lembrarmos que se fizemos nevar em Marília, éramos capazes de qualquer coisa...

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