Em outras opurtunidades, comentei que minha primeira república se chamava Varanda. Um sobrado que ficava em cima do açougue, conhecida principalmente por suas festas, sem hora e nem dia para acabar.
No final da primavera de 1995, organizamos uma festa que ficou marcada em nossas vidas. Era aniversário de alguns Kapetas, e espalhamos a notícia por toda FAMEMA!
Apareceram na festa os mesmos malucos de sempre. Mesmo assim, achamos que as 25 caixas de cerveja seriam insuficientes.
Geralmente, nossas festas só terminavam quando acabava a cerveja, mas naquela vez, acho que exageramos!
Depois de 3 dias, ainda tinha gente bebendo! Mas o Vô... quando acabou a última garrafa, lembro-me que atravessou a rua até a Beduína, e comprou mais 6 cervejas, e assim ficou por quase uma semana. Não me lembro de vê-lo comer, só me lembro dele bebendo e aspirando um descongestionante nasal!
Mas foi no primeiro dia de festa que o inesperado aconteceu!
O Japa levara um puff de couro, de uns 2 m de diâmetro, recheado com milhões de bolinhas de isopor, que o deixava ainda mais macio e convidativo a uma siesta bem relaxante.
Depois de algumas cervejas, alguns Kapetas resolveram treinar salto em altura, utilizando o puff para amortecer a queda.
Umas cervejas mais tarde, o Bozó inventou um campeonato de colocar o pé mais alto na parede. Por ter ele quase 2 m de altura, já começou com enorme vantagem... então alguém resolveu usar o puff em seu favor, encostando-o próximo a parede, e após um forte impulso e bater o pé na parede, caía de costas no puff.
O campeonato durou pouco. Depois de alguns saltos, o puff arrebentou, enchendo a casa com minúnsculas bolinhas de isopor.
Não lembro ao certo quem teve a idéia, acho que foram Sorocaba, Clóvis, Naniko e Dudi. Encheram baldes com aquelas bolinhas, e jogaram na galera que estava na parte de baixo da casa.
Lembro-me daquelas bolinhas caindo, refletindo as luzes dos postes de iluminação da rua...uma brisa fresca anunciando o fim da primavera, dava um toque de inverno londrino na nossa festa... Foi surreal! E assim fizemos nevar em Marília...
E quanto mais o vento soprava, mais as bolinhas caiam na caixa d`água e entravam no porão do açougue.
Na manhã seguinte acordamos com xingamentos e socos na porta de casa. Era o pessoal do açougue... não sei se indignados com a bagunça que fizemos, ou com inveja da nossa vida boêmia!
Por menos que tivesse dormido, e por mais que estivesse de ressaca, eu não gostava de faltar à aula. Mesmo que fosse para ficar de óculos escuro dormindo no fundo da sala! Então, Feijão e eu, fizemos a verdadeira missão impossível para sair de casa, sem encontrar com a gente do açougue.
Naquele dia não almoçamos em casa e voltamos só de noite, quando as coisas já estavam mais calmas.
Fui ver as marcas do campeonato na parede, e a minha surpresa foi ver a marca de um pé no teto. Pelo tamanho e o formato, parecia um pé femenino. Pensei: "como aquilo seria possível? Se ao menos fosse um sapato, não seria difícil imaginar que pudesse ter sido retirado, e arremeçado contra o teto. Mas um pé!"
A marca daquele pé ficou ali por muito tempo, para lembrarmos que se fizemos nevar em Marília, éramos capazes de qualquer coisa...
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