quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Chove-Chuva

Depois de sair fugido do pensionato que fiquei por 4 meses quando fui estudar medicina na FAMEMA, fui morar num sobrado na rua José de Anchieta, esquina com a avenida São Luiz, em cima do açougue, com o Bozó, Japa e Ramiro.

De tão velha a casa, de noite parecia mal assombrada. As janelas não fechavam direito, e quando o vento soprava era tanto barulho, que dormir sozinho, só depois de rezar muito...

Dos fundos da república era possível ver o quintal de um Centro Espírita. O pior era que a janela do meu quarto, abria-se naquela direção. Mas os barulhos horripilantes da casa eram tão insistentes, que um dia fui ver o que acontecia naquele centro.

Que arrependimento! Aquela minha idéia só pioraram as coisas... uma médium chegou perto de mim e me disse que havia muitos espíritos precisando de minha ajuda. Saí dali mais rápido do que entrei, para nunca mais voltar!

Mais tarde descobri, que a maioria dos barulhos da madrugada vinham do porão do açougue, com a chegada de caminhões com carne clandestina.

Depois que o Ramiro deixou a república,  vieram o Feijão, Guido e Rogério. E tanta gente morando junto, com mente muito mais que criativa, não é preciso dizer que ficaram muitas histórias para relembrar...

Uma dessas histórias era o tão temido Chove-Chuva...

Não poderia ser outro, se não o Bozó, quem inventara essa brincadeira! Ficávamos esperando no andar de cima do sobrado, o primeiro que chegasse em casa sem livros ou comida nas mãos, para despejar um balde de água gelada. E para isso não tinha excessão. Podia ser adulto ou criança, amigo ou inimigo, menino ou menina...

Um dia me lembro que a Milena, uma garota da enfermagem, loirinha, bonitinha e com os seios de causar inveja a Pamela Anderson, foi levar um bolo que acabara de fazer. Estava de camiseta branca e por mais que eu pedisse ao Rogério que abrisse uma excessão naquele dia (afinal ela sempre levava comida!), ele não a perdoou. Bem que insisti para que ela fosse embora com meu guarda-chuva, mas ela não quis, pois não havia uma nuvem no céu!

Não é preciso dizer que naquele dia, os garçons da Beduína foram a loucura!

Outra vez, Guido e eu escutamos o portão se abrindo. Corremos para o andar de cima, pois naquele dia tínhamos um balde preparado para pegar o Feijão, que tinha saído para namorar uma das meninas da república em cima da Dismep. Para nossa surpresa, era um trombadinha que estava subindo as escadas... Foi o chove chuva mais bem dado da história. O moleque ficou tão assustado com aquela chuvarada inesperada, que deve estar correndo até hoje!

Numa madrugada de inverno, Bozó, Japa e Rogério tomaram um chove chuva, que Feijão e eu deixamos preparado, quando voltavam de mais um Todo Torto. A represária não poderia ter sido pior... além de ter que lutar os 7 estilos (boxe, greco-romana...) com o Bozó, numa noite quando Feijão e eu voltávamos de uma balada muito forte, vimos um aviso no portão da escada que dava para os quartos, "cuidado! mudanças na casa". Sabíamos que coisa boa não era... Encontramos nossos quartos totalmente desmontados e amontoados na sala.

Na época, essa brincadeira ficou tão famosa, que os comerciantes das redondezas ficavam esperando para ver quem seria a próxima vítima.

Somente o pessoal do açougue não aprovava... e se eles não gostavam de um simples chove chuva, que servia até para lavar a calçada, imaginem como ficaram no dia em que fizemos nevar em Marília!

Mas isso é motivo para outra história...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Vanessa e Janaína

Em 1993, a Educação Física era uma disciplina curricular e obrigatória na FAMEMA. Nelson Tamura era o professor. Mônica e Marcão seus auxiliares.

Depois do exame médico, que era feito pelos alunos do 6º ano, Tamura convocava os calouros para uma seletiva de atletismo.

Aquilo era uma verdadeira tragédia anunciada! Muitos tinham vertigens ou vomitavam... Menos mal que pouco se falava sobre morte súbita naquela época!

Basicamente as provas eram as mesmas da intermed. Salto em distância, salto triplo, salto em altura, 100 m, 400 m, 1500 m, 5000 m, arremeço de peso e lançamento de dardo.

Depois desse dia, fui intimado a treinar os 100 m e salto em distância, além de integrar o revezamento 4 x 100 m e 4 x 400 m.

Já havia treinado um tempo atletismo na pré-adolescência, mas depois que quebrei a clavícula andando de skate, abandonei as pistas, mas não a paixão por este esporte.

Os treinos aconteciam às terças e quintas-feiras no SESI, mas o que me motivou mesmo, foi o incentivo da Vanessa e da Janaína...

A primeira dificuldade foi com os exercícios de coordenação (anfersen, dribling, skipping etc), mas observar a Janaía e a Vanessa fazendo os educativos, suprimiam qualquer obstáculo.

Depois vieram as canelites. Eram dores quase incapacitentes na fáscia do músculo tibial anterior. Com elas convivi por mais de 1 ano. Quase desisti! Mas eu não podia deixar de ver a Vanessa e a Janaína se aquecerem...

Com o tempo, os treinos ficaram menos dolorosos. Descobri que o Tamura tinha sido atleta de alto nível, e que pertencera a comissão técnica de atletismo das Olimpíadas de 1984, em Los Ângeles. Isso foi um incentivo a mais! Além, é claro, de ter a certeza que a Janaína e a Vanessa estariam lá fazendo aquecimento, alongando-se, correndo... (a minha imaginação ia longe...).

Não meus caros Kapetas... não sejam maudosos! A motivação era porque elas eram muito BOAS, e ganhavam todas as provas que competiam!

Na medida em que minhas marcas melhoravam, fui convidado a participar dos Jogos Regionais. Para isso, dois dias de treino na semana tornaram-se insuficientes.

Foi quando comecei a treinar com a equipe de atletismo da cidade e tive a oportunidade de conhecer o Jadel Gregório. Naquela época ainda molecote, de uns 13 anos de idade, que treinava descalço, mas já quase do tamanho que ele tem hoje.

Mais tarde o Esquilo, técnico da equipe da Marília, passou a nos treinar também. Mas a Vanessa e a Janaína já não treinavam mais... e por mais que eu me esforçasse, nunca consegui arrastar para os treinos a legião que aquelas duas arrastavam!

Bons tempos aqueles em que Marília era temida nos domingos de intermed.... sobretudo o femenino! É por isso que sempre lembro com nostalgia daquelas terças e quintas a tarde no SESI, só para ver duas Kapetinhas correndo!

Lembro-me no meu último, ano de duas calouras: Silvia, no salto em altura, e Cláudia, no salto em distância. Tinham grande potencial. Mas a minha esperança maior era que elas servissem de inspiração para outros Kapetas, como a Janaína e a Vanessa foram para mim, JB, Du, Matheus, Carlos, Bruno e muitos outros Kapetas, para que a tradição nos domingos de intermed mantivesse viva!